terça-feira, 9 de junho de 2009

A COLOMBA DE PROSPER MERIMÉE

QUEM?
Prosper Mérimée (1803-1870). Notável dramaturgo, contista, historiador e arqueologista francês. Foi o primeiro a traduzir obras literárias russas para o francês. Sua prosa elegante se imortalizou com Carmen (1845). Esta foi sua primeira novela de sucesso.
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COMENTÁRIO
Colomba (1840), conta a história de uma jovem moça corsa que obriga seu irmão a cometer um assassinato para se vingar. Seria só isso, se não se tratasse de um mestre da pena, como é o caso de Merimée. Este competentíssimo autor francês nos traz uma época distante, repleta de aventuras e exotismos culturais, onde entrevemos mundos longínquos, de tradições fortes e marcantes, sempre com seu estilo clássico e elegante.
Sem maiores delongas, duas citações de Colomba, romance de Merimée, onde podemos ver um pouco da cultura corsa, referente à Córsega, esta ilha a Oeste da Itália, que é a quarta ilha do Mar Mediterrâneo por extensão territorial depois da Sicília, Sardenha e Chipre, universalmente conhecida como o berço e terra natal de Napoleão Bonaparte.
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CITAÇÃO
"Afinal, chegou a hora de partir. Orso apertou, ainda uma vez, a mão de miss Lídia. Colomba abraçou-a, depois ofereceu os lábios ao coronel, que então se maravilhou com a delicadeza corsa. Da janela do slão, miss Lídia viu os dois montarem a cavalo. Brilhavam os olhos de Colomba, numa alegria maligna. Esta grande e forte mulher, fanática pelas suas idéias de honra bárbara, o orgulho estampado na fisionomia, os lábios curvados num sorriso sardônico, fez lembrar a miss Lídia os temores de Orso; e a jovem inglesa julgou ver um mau gênio conduzindo-o a um abismo." (pág61)

"A cerca de um quilômetro do povoado, depois de muitos rodeios, Colomba estacou de repente, numa curva brusca do caminho erguia-se, aí, uma pequena pirâmide de ramos - uns verdes, outros secos - todos formando uma pilia de quase três pés de altura, da qual apontava a extremidade superior de uma cruz de madeira pintada de preto. Em várias regiões da Córsega, principalmente nas montanhas, um velho costume, que talvez se prenda às supertições do paganismo, obriga os passantes a atirar uma pedra ou um galho de árvore sobre a sepultura daqueles que morreram de morte violenta. Durante muitos anos, enquanto a recordação da tragédia permanecer na memória dos homens, tais oferendas se acumulam dia a dia. Chamam a isto o montão, o mucchio de alguém." (pág80)
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LIVRO: Colomba // AUTOR: Prosper Merimée // EDITORA: Martins // São Paulo // 1945

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