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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A PROSA CULTA, ELEGANTE, ESPIRITUOSA E BEM TEMPERADA DE BRILLAT SAVARIN


QUEM?
Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826). Advogado, político e escritor francês que ganhou fama como grastrônomo e epicurista. Autor do esplêndido e inesquecível livro A Fisiologia do Gosto.
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COMENTÁRIO
O chef sabe! Cozinhar é como fazer amor: o que pensamos na hora influencia diretamente na receita e no resultado que se quer alcançar com o processo em si. Sim! Porque para tanto, para cozinhar bem, há que se ter espírito, alma - não dá para ir fazendo a 'coisa' de qualquer jeito - a despeito, é claro, de sermos nós a sorver o 'caldo' que, de má vontade, prepararmos para nós mesmos. Sem falar do arrependimento que dá quando literalmente 'erramos a mão' e acabamos comendo uma porcaria qualquer. Para gozar satisfatoriamente dos prazeres da mesa e até da cama, exige-se calma, paciência, amor e dedicação do sujeito que se lança intrépido a tais desfrutes. Requer-se ainda entrega plena e integridade plena - digo - faz-se nescessário estar-se inteiro no lance, de corpo e alma; pois aí, meu caro e prezado Leitor(a), tudo rola legal, tranquilo e em harmonia. Do jeito que é bom! Sabe como é, não?! Do jeito que 'deve' ser.
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Neste sentido, de cozinha bem trabalhada e iguarias bem preparadas e degustadas, Brillat Savarin era um gênio, um mestre - dir-se-ia - inigualável, especialmente, se considerarmos a época em que viveu: 1755/1826, há quase três Séculos, na província francesa. Sua obra prima A Fisiologia do Gosto é um livro, simplesmente, impagável. Escrito belamente sob a forma de ensaios, com a prosa fina, elegante e bem temperada que este nobre autor francês soube imprimir em seu estilo, deparamo-nos com um volume - como direi - indispensável aos bons amantes da cozinha, da filosofia e da gastronomia requintada Mundo afora. Atualmente, tal título encontra-se esgotado, por um motivo que, confesso, desconheço - pois é notório o grande número de escrivinhamentos menores que são indiscriminadamente impressos, vendidos e lidos nos dias atuais - em contraposição à esmagadora qualidade filosófica, literária e gastronômica de Mestre Savarin. De todo o modo, vale tentar encontrá-lo nos sebos ou na Estante Virtual. E atenção! Se por acaso você achar um exemplar de A Fisiologia do Gosto, compre-o imediatamente, pois alguém sem cultura ou destraído se desfez desta jóia sem preço, sem saber direito o que estava fazendo. Leitura bem humorada e ilustrativa, que irá ajudar a compreender um pouco mais sobre o inspiradíssimo mundo da gastronomia.
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A citação escolhida vem da Meditação XX, com o título Da influência da dieta sobre o repouso, o sono e os sonhos, número 94, parágrafo primeiro.
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Da Redação.
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CITAÇÃO
"O homem mal alimetado não suporta por muito tempo a fadiga de um trabalho prolongado. Seu corpo fica coberto de suor, em breve as forças o abandonam e, para ele, o repouso não é outra coisa que a impossibilidade de trabalhar. Se se trata de um trabalho do espírito, as ideias nascem sem vigor e precisão; a reflexão se recusa a agir e o cérebro se cansa nesses vãos esforços, e dorme-se no campo de batalha." (pág203)
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LIVRO: "A FISIOLOGIA DO GOSTO" // AUTOR: BRILLAT SAVARIN // EDITORA: SALAMANDRA RIO DE JANEIRO, 1989 // PRIMEIRA EDIÇÃO: 1848
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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A SABOROSA PROSA DE BRILLAT SAVARIN

QUEM?
Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826). Advogado, político e escritor francês que ganhou fama como grastrônomo e epicurista. Autor do esplêndido e inesquecível livro A Fisiologia do Gosto.
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COMENTÁRIO
Ler a prosa fina e competente de Brillat Savarin é um deleite. Sim! É dar-se ao desfrute de um texto bem temperado extremamente saboroso, culto e sofisticado. Pois o homem conhecia a fundo o assunto que abordava, o prazer à mesa, e tudo mais que cerca esta nobre e necessária atividade social tão amalgamada à nossa existência. Em sua época, tempo distante de fartura e opulência na província francesa, bem no fim do século XVIII e no início do XIX, surgia, pela primeira vez, os termos gourmets (apreciadores), e gourmands (glutões), que eram exatamente os nomes dados a estes sujeitos privilegiados da nobreza, que tinham, sem dúvida, extremo bom gosto e inclinação aos prazeres gastronômicos, e que se atiravam vorazmente em banquetes e degustações intermináveis, que se sucediam uns aos outros ocupando todo o decorrer de seus dias. Viviam em busca do vinho certo, de uma região específica, dos alimentos nobres e exóticos oriundos de tradições milenares daquelas terras; além de saborearem ávidos as aves, os doces, as trufas; de comerem peixes, moluscos, frutas, caças; de sorverem licores, fermentados e destilados; além, é claro, de devorarem uma miríade de receitas doces e salgadas de forno e fogão.
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Este interessantíssimo autor, com sua pena ágil e leve, utilizando-se do excelente formato Ensaio, trouxe à luz o retrato fiel de um tempo épico de luxo e sofisticação culinária, onde nasceram práticas seguidas até os dias de hoje. Enfim, o cara era do ramo! Entendia e muito do riscado. Marcou época e fez história com seu imperdível livro A Fisiologia do Gosto, do qual foi retirada esta brilhante passagem, que mostra com nitidez sua inclinação pessoal hedonista, além, é claro, de sua prosa fina, inteligente e bem humorada; indicação especial de hoje deste velho Escriba digital pós-tudo.
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CITAÇÃO
"O homem é, incontestavelmente, dos seres sensíveis que povoam nosso globo, o que mais está sujeito ao sofrimento. A natureza o condena inicialmente à dor pela nudez da sua pele, pela forma de seus pés e pelo instinto guerreiro e destrutivo que acompanha a espécie humana onde quer que ela haja sido encontrada.
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Os animais não receberam esta maldição e, fora certos combates causados pelo instinto de reprodução, a dor, no estado natural, seria absolutamente desconhecida pela maioria das espécies, enquanto que o homem, que só sente prazer passageiramente e por intermédio de um pequeno número de órgãos, pode sempre, e por intermédio de todas as partes do seu corpo, ser submetido às dores mais espantosas.
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Esta condição do destino foi agravada, na sua execução, por uma multidão de doenças que resultam dos hábitos e da condição social. Dessa maneira, nem mesmo os prazeres mais vivos e mais bem conduzidos que se possa imaginar podem, seja em intensidade, seja em duração, compensar as dores atrozes que acompanham alguns desarranjos, tais como a gota, a dor de dentes, os reumatismos agudos, a disúria ou os suplícios que são costume em certos povos. É este temor, arraigado na prática, que sente da dor que faz com que o homem, mesmo sem ter consciência disso, se lance no sentido oposto, entregando-se por completo ao pequeno número de prazeres que a natureza lhe concedeu." (pág161)
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LIVRO: "A FISIOLOGIA DO GOSTO" // AUTOR: BRILLAT SAVARIN // EDITORA: SALAMANDRA RIO DE JANEIRO, 1989 // PRIMEIRA EDIÇÃO: 1848

domingo, 5 de abril de 2009

A MESA ATEMPORAL DE BRILLAT SAVARIN

QUEM?
Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826). Advogado, político e escritor francês que ganhou fama como grastrônomo e epicurista. Autor do esplêndido e inesquecível livro A Fisiologia do Gosto.
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COMENTÁRIO
Para quem não sabe, Mon Senior Brillat Savarin é o papa-mor da gastronomia francesa. Bon vivant, que era por inclinação convicata, escreveu sabiamente sobre comer e beber, e sobre os hábitos à mesa, descrevendo detalhadamente toda a epopeia dos almoços, jantares e banquetes gastronômicos da ponposa e refinada França de sua época. Elegante, e escrito em forma de ensaio, esta belíssima obra, A Fisiologia do Gosto, imortal por sua riqueza e complexidade de abrangência, é um retrato fiel de um tempo fabuloso, onde surgiram os primeiros refinamentos gastronômicos que comumente conhecemos hoje em dia. Bem humorado, o autor desserta sobre bebidas, doces, pratos refinados e especiais, pates, geleias, frutas, passeios, sono, e sobre todo o mais que acrediota pertinete, e o faz com grande competência. Para os amantes da boa mesa e do bom vinho, mestre Brillat é fundamental. Esteve esgotado nas livrarias, mas vale a pena procurar nos sebos, ou ficar antenado para uma possível e bem-vinda nova edição.
A citação escolhida fala por si, e dá uma ideia precisa ao leitor, do que ele poderá encontrar nesta verdadeira jóia que é, A Fisiologia do Gosto, de Brillat Savarin. Simplesmente espetacular!
Com os comprimentos e a recomendação especial deste Escriba.
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CITAÇÃO
"Chegamos, então, a tal ponto de progresso alimentar que, se a necessidade dos negócios não nos tirasse da mesa ou se a necessidade do sono não viesse se interpor, a duração das refeições seria praticamente indefinida e não teríamos nenhum ponto de referência certo para determinar o tempo que poderia transcorrer entre o primeiro como de Madeira e o último copo de ponche." (pág165)
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ONDE E QUANTO?
Nos Sebos: $$
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LIVRO: "A FISIOLOGIA DO GOSTO" // AUTOR: BRILLAT SAVARIN // EDITORA: SALAMANDRA RIO DE JANEIRO, 1989. // PRIMEIRA EDIÇÃO: 1848

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A SABEDORIA DE BRILLAT SAVARIN


QUEM?
Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826), advogado e político francês que ganhou fama como grastrônomo e epicurista.

CITAÇÃO
"Olhando de perto vemos que os elementos de que são feitos nossos prazeres são a dificuldade, a privação, o desejo e o gozo. Tudo isso encontrava-se no ato que rompia a abstinência. Eu vi dois dos meus tios-avós, pessoas sérias e sisudas, pasmarem de prazer no momento em que, no dia da Pascoa, viam cortar o primeiro pedaço de um presunto ou abrir um patê. Atualmente, raça degenerada que somos, não seríamos capazes de arrostar tamanhas sensações." (pag234)

COMENTÁRIO
Quem é do ramo sabe do que se trata. Quem não é, pode, pelo menos, imaginar o que isto significa: partir numa data especial um presunto curtido longamente sobre o fogão de lenha no interior da frança, ou mesmo, abrir um patê de champanhe abrigado gentilmente durante meio ano num daqueles porões ou adegas impenetráveis à luz, frios e sem variações térmicas. Vale notar aqui que todo hábito gastronômico e alimentar está intimamente ligado à Cultura de seu povo e de seu País de orígem. Tem tudo a ver com as necessidades e costumes locais, com as safras, com as estações do ano e até com o girar das estrêlas no céu, salpicando de luz o firmamento infinito. Mestre Brillat, elegante, como sempre, e sua sábia sensibilidade refinadíssima. Puro deleite para os sentidos.

LIVRO: "A FISIOLOGIA DO GOSTO" // AUTOR: BRILLAT SAVARIN // EDITORA: SALAMANDRA RIO DE JANEIRO, 1989. // PRIMEIRA EDIÇÃO: 1848

Imagem: Encontrada em... http://www.weinschloesschen-freiburg.de/WS

FISIOLOGIA DO GOSTO DE BRILLAT SAVARIN


QUEM?
Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826), advogado e político francês que ganhou fama como grastrônomo e epicuristista.

COMENTÁRIO
Para quem ama literatura e gastronomia, livros e cozinhas - duas paixões que, quando sucedem, arrebatam os corações incautos - têm que, indubitavelmente, ler o Nobre Senhor Brillat Savarin. Em seu clássico antológico, A Fisiologia do Gosto, ele retrata com sabedoria as origens francesas da gastronomia e dos grandes refinamentos culinários de almoços, jantares, festas e banquetes onde, invariavelmente, ia-se para comer e beber, além de conviver e celebrar a existência em si. O brilhante autor em questão é extremamente culto e dotado de um bom gosto agudo, além de possuir prosa de boa qualidade regada a vinho, degustações e bom humor. Estamos falando de uma ilustre figura que viveu lá nos idos do século 18, tendo nascido em 1755 e vindo a falecer em 1826, deixando para a posteridade toda a sua sensível percepção dos requintes da boa mesa e os seus preciosos estudos gastronômicos relativos à fisiologia e à riquíssima cultura de sua época. Escrito por Brillat Savarin em forma de Ensaios, a exemplo de Plutarco, Montaigne e Voltaire, seus predecessores, a digníssima obra em questão se apresentará leve e agradável aos olhos do leitor que se interessa pelos temas supracitados. Livro de cabeceira de chefs Mundo afora, é indicação ESCRIBA do mês de Janeiro de 2009 para os amantes da boa mesa e da boa leitura. Em específico, nesta citação escolhida, o Mestre gourmet francês, que mistura com habilidade Letras e Gastronomia, disserta irônica e graçiosamente sobre os apetites humanos para as bebidas alcoólicas e afins. Boas leituras e Saúde a todos!

CITAÇÃO
"Seja como for, esta sede de uma espécie de líquido que a natureza guardara escondida, este apetite extraordinário que age sobre todas as raças humanas, em todos os climas e temperaturas, são bem dignos de prender a atenção do observador filósofo. Pensei, como todos, e fiquei tentado a colocar o apetite pelos licores fermentados, desconhecido pelos animais, ao lado da peocupação com o futuro, que também desconhecem, e considerar ambos como os atributos diferenciadores da obra-prima da última revolução sublunar." (pag128)

LIVRO: "A FISIOLOGIA DO GOSTO" // AUTOR: BRILLAT SAVARIN // EDITORA: SALAMANDRA RIO DE JANEIRO, 1989. // PRIMEIRA EDIÇÃO: 1848.
Imagem: Encontrada em... http://www.vigneron-champagne.com/index.php/2005/08/20/8-reims-brillat-savarin