Mostrando postagens com marcador ILUMINISMO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ILUMINISMO. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

UM EMBATE DE TITÃS: EM QUE CRÊEM OS QUE NÃO CRÊEM? POR UMBERTO ECO E CARLO MARIA MARTINI

QUEM?
Umberto Eco é escritor e professor titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bolonha. Autor do clássico O Nome da Rosa.
*
COMENTÁRIO
Há que se crer em algo para se seguir adiante. Sim! Pois sem fé nada há. As crenças variam mas ninguém pode preteri-las sem crer em absolutamente nada, pois o próprio fato de se refletir sobre o assunto já implica numa crença implícita e inseparável na própria experiência e observação intelectual. Todos crêem em algo, mesmo que este algo seja justamente acreditar piamente que não acredita em absolutamente nada. Todavia é o caráter de debate livre e sem traumas que encanta neste belo livro coletânea de artigos; onde vemos jovialmente que a tolerância e a aceitação do outro e do diferente passa a ser um campo fértil no qual se move intencionalmente a razão humana em busca de sua ética e de seus valores. Ao nos debruçarmos por sobre temas mais que espinhosos, guiados por Eco e Martini, deparamo-nos com questões complexas - como: a existência ou não de um Deus único e pessoal; o direito das mulheres à prática do aborto; a proibição do exercício do sacerdócio para as mesmas; e a dual fé cristã amparada nos opostos exclusores, rasos e diabolizantes bem e mal - e percebemos um pouco da amplidão vertiginosa que é tentar sondar os mistérios que nos cerca a vida, e que sem dúvida adornam nossa existência. Enfim, trata-se de um livro muito interessante. Para ler e refletir. Na citação escolhida - dentro do democrático e participativo debate promovido pela revista italiana Liberal, que deu orígem ao livro e que inclui Eco, Martini e outros teóricos -, vemos um trecho do texto de Eugenio Scalfari que é jornalista e que também participou da referida obra.
Da Redação.
*
CITAÇÃO
"Qual é, portanto, o fundamento da moral no qual todos, crentes ou não-crentes, podemos nos reconhecer? Pessoalmente sustento que ele reside na pertinência biológica dos homens a uma espécie. Sustento que na pessoa se defrontam e convivem dois instintos essenciais: o da sobrevivência do indivíduo [ontogênico] e o da sobrevivêncioa da espécie [filogênico]. O primeiro dá lugar ao egoísmo [narcisismo], necessário e positivo desde que não supere um limite além do qual se torna devastador para a comunidade [o Outro]; o segundo produz o sentimento de moralidade, isto é, a necessidade de responder pelo sofrimento do outro e pelo bem comum. Cada indivíduo elabora estes dois instintos profundos e biológicos com a própria inteligência e a própria mente. As normas da moral mudam e devem mudar, pois muda a realidade à qual são aplicadas. " (pág116)
*
LIVRO: Em que crêem os que não crêem? // AUTORES: Umberto Eco e Carlo Maria Martini // EDITORA: Record // Rio de Janeiro // 2001
*

segunda-feira, 20 de abril de 2009

UM PASSADO DE TREVAS POR VICTOR HUGO

QUEM?
Victor-Marie Hugo (1802-1885). Talentoso escritor e poeta francês. Autor de Os Trabalhadores do Mar e Noventa e Três, entre muitas outras obras notáveis. Esta última, belíssima aliás, trata da Revolução Francesa, só que romanceada, e vista por este mestre imortal da pena.
*
COMENTÁRIO
Época importantíssima da história contemporânea ocidendal. Efervecente, revoltosa, mutante. Era um tempo de opressão monárquico que se sepultava, ao passo que uma nova época agônica se iniciava, necessária, ao que parece, mas inequivocamente sangrenta. Momento dramático de alternância do poder. Revolta e revolução.
93 é bárbaro! Livro emocionante e belo, que vale cada frase que contêm.
Da Redação.
*
CITAÇÃO
"A Tourgue era a resultante fatal do passado que se chamava Bastilha em Paris, Torre de Londres na Inglaterra, Spielberg na Alemanha, Escurial na Espanha, Kremlin em Moscou, castelo Santo-Angelo em Roma.
Na Tourgue estavam condensados mil e quinhentos anos, a Idade Média, a vassalagem, a gleba, o feudalismo; na guilhotina um ano, 93; e aqueles doze meses faziam contrapeso àqueles quinze séculos." (pág265)
*
LIVRO: Noventa e Três // AUTOR: Victor Hugo // VOLUME: II // EDITORA: Lello e Irmão Editores // Porto // Portugal // Sem data


segunda-feira, 30 de março de 2009

O ZADIG DE VOLTAIRE

QUEM?
François-Marie Arouet (1694-1778), pseudônimo Voltaire, escritor ensaísta e filósofo francês.
*
COMENTÁRIO
Voltaire era um monstro. Com sua pena ágil, intuiu a necessidade de transformação social, a falácia religiosa, a decadência do estado monárquico, pressentiu a Revolução Francesa que se deu depois, e escreveu profícua e plascidamente sobre tudo isso, antevendo-a e até mesmo preparando-a conceitualmente. Era o Iluminismo nascendo pungente na prosa deste mestre da literatura universal de todos os tempos. Zadig é cínico e inocente, cândido e heróico, aventureiro e alegórico, e representa o questionamento sagaz do autor contra tudo de iníquo que estava estabelicido até então. Um tempo novo e inaugurador se insinuava, como nuvens pesadas que anunciam chuva. Um novo sentimento humanista se amalgamava ao homem. Eram as luzes que se impunham às trevas.
*
CITAÇÃO:
"Ao ouvir aquelas palavras, aquela voz, a dama soergueu o véu com uma mão trêmula, olhou Zadig, soltou um grito de enternecimento, de surpresa, de alegria, e, sucumbiu, agitada por todos os movimentos diferentes que ao mesmo tempo lhe haviam assaltado a alma, desfaleceu nos seus braços." (pág73)
*
LIVRO: Gigantes da Literatura Clássica // TÍTULO: Zadig // AUTOR: Voltaire // EDITORA: Verbo // Lisboa // Portugal //1972

quarta-feira, 4 de março de 2009

A ORIGEM DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS POR J. J. ROUSSEAU

QUEM?
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Célebre filósofo suíço, escritor e teórico político. Foi uma das figuras marcantes do Iluminismo francês, e é considerado um precursor do romamantismo. Autor do clássico legendário o Contrato Social, e do conceito de Bom Selvagem, um homem idealizado e pré-intelectualizado, que viveria em pé de igualdade com os demais animais e seres da natureza.

COMENTÁRIO
Quando Jean-Jacques Rousseau escrevia a sociedade de sua época vinha abaixo. Sim, por que sua crítica inteligente e cínica arrasava com a burguesia hipócrita, e isto se dava por escrito e, em grande estilo. Sem falar do seu talento notório. Homem fino, membro integrante da mesma burguesia que criticava, sabia destruir seus oponentes intelectuais sem se alterar; elogiando-os, mesmo que só aparentemente. Mente luminosa, argumentação veemente, estilo clássico e irreverente; este era Rousseau escrevendo com sua pena hábil e mordaz. Na citação escolhida, nosso nobre autor iluminista disserta sobre a origem da desiguladade entre os homens numa passagem brilhante, escrita com precisão apurada, e raciocínio claro, que vão espantar e provacar reflexão. Vale notar que à época costumava-se propor aos intelectuais mais eminentes da corte, questões filosóficas e políticas, para que estes respondesse numa espécie de concorência pública, com premiação em dinheiro e tudo. No caso em questão, Rosseau indicou o próprio saber e conhecimento acadêmico, ou seja, a própria academia que propunha a questão e, adivinhem... Ele ganhou o prêmio e ficou mais célebre ainda!
CITAÇÃO
"O primeiro que, tendo cercado um terreno, atreveu-se a dizer: Isto é meu, e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, quantas misérias e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, hovesse gritado aos seus semelhantes: Evitai ouvir este impostor. estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não é de ninguém!" (pag203)

LIVRO: Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens // AUTOR: J. J. Rousseau // Editora: Martins Fontes // São Paulo // 2005

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A ORIGEM DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS POR ROSSEAU

QUEM?
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Célebre filósofo suíço, escritor e teórico político. Foi Uma das figuras marcantes do iluminismo francês, e é considerado um precursor do romamantismo.

COMENTÁRIO
Eis aqui um um nobre integrante da extinta estirpe de brilhantes escritores filósofos. Sem nenhum exagero, Rosseau foi uma figura importante e controversa, devido a suas idéias humanistas e sua ferrenha crítica aos imbecís e ignóbios poderosos da vez. Pagou caro por isso, e foi criticado e perseguido por seus inimigos, na maioria das vezes, por coisas banais, bobagens - por inveja talvez, de seus sábios escritos - e sempre por gente menos culta e esclarecida do que ele. Afinal, estamos falando de Jean-Jacqueus, um dos maiores iluministas da história da humanidade. Grande, por sua genialidade, inteligência, e por sua habilidade com a pena em punho. Leitura obrigatória para quem gosta desta época, e de suas brilhantes luzes resplandecentes, que nos iluminam até hoje, desde lá. Revolta elegante e sábia, eloquente e mordaz, transcrita em prosa fina, e escrita à moda antiga; numa só palavra: Rosseau. Da redação.

CITAÇÃO
"Tal foi ou deve ter sido a origem da sociedade e das leis, que criaram novos entraves para o fraco e novas forças para o rico, destruíram em definitivo a liberdade natural, fixaram para sempre a lei da propriedade e da desigualdade, de uma hábil usurpação fizeram um direito irrevogável e, para o lucro de alguns ambiciosos, sujeitaram daí para frente todo o gênero humano ao trabalho, à servidão e à miséria". (pag222)

LIVRO: Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desiguldade entre os Homens // AUTOR: J.J. Rosseau // EDITORA: Livraria Martins Fontes // São Paulo // 2005