livro: CULTURA E PERSONALIDADE (1945)
autor: Ralph Linton (1893-1953)
editora: Mestre Jou (SP, 1967)
"..as sociedades, mais do que os indivíduos, são as unidades funcionais da luta pela existência na nossa espécie e que são elas, como um todo, as portadoras e perpetuadoras das culturas." (pág. 63)
"Os seres humanos parecem ter uma necessidade premente de segurança emocional que deriva de ajustamentos amplos e íntimos e de uns poucos outros indivíduos. Tem também grande aptitude para cooperar na consecução de objetivos limitados e específicos e para se integrar em unidades funcionais." (pág. 66)
"...todos os sistemas de classificação e organização que existem dentro de uma sociedade primária prescrevem certos padrões de cultura ao indivíduo de acordo com sua posição no sistema." (pág. 80)
"Enquanto tiver um único parente vivo dentro da sociedade, mantém sua posição no sistema familiar; e mesmo que todos os seus parentes hajam desaparecido, pode tornar a entrar no sistema pelo caminho da adoção ou do casamento." (pág. 81)
"O indivíduo e seu meio ambiente constituem uma configuração dinâmica cujas partes guardam todas uma relação recíproca tão íntima, e em tão constante interação que é muito difícil saber onde é que se encontram as linhas de demarcação." (pág. 89)
"Como premissa, podemos tomar o ato de que a função da personalidade em seu conjunto é a de permitir ao indivíduo que produza formas de conduta vantajosas nas condições impostas pelo seu meio ambiente." (pág. 92)
"...muitos dos padrões humanos de conduta são reações não a uma necessidade isolada, mas a um agregado de necessidades. A necessidade de obter dos demais reações favoráveis é um componente quase constante de tais agregados." (pág. 95)
"Uma vez que outros indivíduos são elementos quase constantes no meio ambiente humano, as condições que possam levar ao registro dessa necessidade estão quase constantemente presentes. Além disso, os seres humanos estão de tal modo inteiramente condicionados à presença dos outros que têm forte tendência para projetar esse fator humano até mesmo em situações em que não esteja presente. Propendemos a representar para um público, mesmo quando não há público." (pág. 96)
"A pressão social mantém as condutas do indivíduo em desenvolvimento dentro dos limites estabelecidos pelos padrões de cultura de sua sociedade e assegura que os hábitos que nele surjam serão tais que tornem sua conduta previsível de acordo com sua prosição dentro da sociedade." (pág. 97)
"É mais fácil viver com hábitos do que com intenções conscientes e com aqueles vivemos quase todos, durante a maior parte da vida." (pág. 99)
"O conjunto organizado de hábitos estabelecidos no indivíduo constitui a massa de sua personalidade e dá-lhe forma, estrutura e continuidade. Com efeito, pode dizer-se que a personalidade consiste num núcleo de hábitos organizados e relativamente persistentes, cercado por uma zona fluida de reações de conduta que se acham em processo de redução a termos de hábitos." (pág. 100)
"...o indivíduo praticamente chega a toda nova situação provido do conhecimento dos padrões de conduta que outros membros de sua sociedade criaram e testaram. Só quando esse conhecimento não existe, tem ele de recorrer ao laborioso processo de resolver problemas por si só." (pág. 102)
"Na ausência de padrões a serem imitados, a técnica normal do adulto para resolver novos problemas é avaliar a situação à luz de passada experiência, projetando antecipadamente o que será uma reação adequada, antes de iniciar a conduta manifesta, isto é, primeiro pensamos e depois agimos." (pág. 102)
"Não resta dúvida que o pensamento é um substitutivo para o ensaio e erro manifestos e que executa as mesmas funções com menor gasto de tempo e energia. Os processos intelectuais funcionam principalmente no nível consciente e abrangem a manipulação dos resíduos conscientes da experiência que chamamos conhecimento." (pág. 103)
"Todo indivíduo está familiarizado com uma série de padrões de conduta criados pelos outros. Possui também uma provisão de elementos de informação mais ou menos independentes que podemos chamar de fatos." (pá. 103)
"Nenhuma sociedade jamais ensinou às suas jovens gerações a verdade a respeito de sua própria história." (pág. 104)
"Todos raciocinamos a partir de certas premissas, isto é, de elementos de conhecimento inquestionáveis, e a natureza dessas premissas reflete-se nas conclusões." (pág. 105)
"A personalidade não é apenas uma continuidade, mas também uma continuidade que está mudando continuamente." (pág. 116)
"Parece possível que a adoção de novo sistema de valores-atitude implique necessariamente no adulto tantos reajustes em suas reações específicas estabelecidas que se torne mais molesta do que valiosa." (pág. 118)
"As culturas, como as personalidades, são continuidades num constante estado de mudança e como tais têm seu processo próprio de crescimento, de estabelecimento de novos padrões de reação e de eliminação de antigos. Esses processos encontram paralelo com os que existem na personalidade e dependem, em última análise, da habilidade dos membros de uma sociedade em criar, aprender e esquecer novas formas de conduta." (pág. 121)
"Assim, a origem de novas formas de reação de conduta parece ser uma função não da sociedade como um todo mas de alguém, ou quando muito de uns quantos dos indivíduos que compõem a sociedade." (pág. 121)
"Na realidade, todo padrão cultural inclui elementos manifestos e ocultos, organizados num todo funcional." (pág. 123)
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