terça-feira, 2 de junho de 2009

TRIBUTO A JOSÉ OLYMPIO

QUEM?
José Olympio Pereira Filho (1902/1990). Grande editor e livreiro brasileiro. Empresário ousado e visionário de extrema sensibilidade, foi o fundador da editora que leva seu nome, a Livraria e Editora José Olympio no Rio de Janeiro em 1931.
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CAUSO
José Olympio era o cara. Importantíssimo para nossa cultura e história literária. Homem de Letras que entendia do assunto e conhecia a matéria, ou seja, como se diz no popular: era do ramo. Foi, sem sombra de dúvida, o responsável por nossa atual cultura livresca e pelo que somos enquanto leitores. Sensível e competente, fomentou, como empreendedor do mercado editorial e livreiro que era, publicações, indiscutivelmente, de alto nível. Tinha o tino do negócio, gostava da coisa escrita. Com sua sensibilidade editou autores importantes da nossa língua, que vieram a se tornar célebres e clássicos. Vale notar que suas publicações eram sempre bem cuidadas, na maioria das vezes de capa dura, com iluminuras, capitulares, ilustrações e tudo o mais que um livro de verdade deve ter, além de serem traduzidas - quando se tratavam de obras estrangeiras - por grandes mestres da literatura brasileira de seu tempo.
Este humilde Escriba que vos escreve agora, como rato inveterado de sebos que é, sabe o que significou o trabalho inestimável deste brasileiro importantíssimo e notável que mudou, diga-se de passagem, para muito melhor nossa cultura. Esta figura ímpar chamava-se José Olympio. O homem sabia do letrado e, assim, publicou tudo que achava bom - ou "o que prestava", como se dizia à época de meu avô Francisco de Miranda, contemporâneo e amigo pessoal do José em questão. Aliás, tenho uma história curiosíssima que não posso, e nem poderia, deixar de dividir com os meus nobres Leitores. Este senhor, meu avô, o Velho Chico, homônimo do rio, promotor de justiça e amante inveterado das Letras, protagonizou um evento, no mínimo, extraordinário.
Ao saber que meu avô iria ao Rio de Janeiro tratar de negócios, Jorge Amado, nosso genial e imortal romancista, também amigo pessoal dele, pediu-lhe que levasse uma encomenda para entregar somente nas mãos de José Olympio. Era um calhamaço de papéis redigidos à máquina. Meu avô, que media quase um e noventa de altura e era muito desligado, ao chegar ao centro do Rio, mais precisamente à Avenida Rio Branco, saltou do táxi e, por distração, esqueceu no banco de trás a referida encomenda. Por sorte, o trânsito estava pesado, já à época, e ele pode, de terno e pasta 007 nas mãos, correr e alcançar o tal táxi, e recuperar o referido material. Graças a este golpe de azar, seguido de um de sorte, se é que estas coisas existem de fato, sua missão foi concluída com sucesso e êxito. Entregou nas mãos de José Olympio, conforme o pedido do autor, os papéis que levava em sua viagem. Que bom que foi assim, pois tratava-se, nada mais, nada menos, do que os originais de Capitães de Areia. É bom lembrar que não havia xérox naquele tempo, nem muito menos computador. Que loucura, não?! Quem me contou esta aventura verídica foi minha querida e amada avó, Dona Zilah Macedo de Miranda, viúva do distraído e saudoso Dr. Francisco Rodrigues de Miranda, o velho Chico.
Que sorte a nossa, hein?!

2 comentários:

Thales Augusto de Miranda disse...

Não sabia que meu tio tinha tido um papel tão decisivo na nossa literatura...hahaha!

Unknown disse...

Caro Escriba,

Estou feliz em saber essa curiosidade a respeito de Capitães da Areia. Tão feliz que resolvi fazer uma revelação nesse blg: o meu primeiro amor foi o saudoso Pedro Bala, com quem passei muitos momentos no trapiche.
beijos
Cleo