quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A ESCLARECEDORA HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM PELA PENA REBELDE E CRÍTICA LEO HUBERMAN

QUEM?
Leo Huberman (1903/1968). Notável jornalista e escritor norte-americano. Sua obra mais importante é História da Riqueza do Homem (1936). Foi o co-fundador da revista Monthly Review.
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COMENTÁRIO
Ler Leo Huberman em A História da Riqueza do Homem é elucidar uma série de acontecimentos importantes através dos tempos da humanidade que fizeram o mundo ser assim como é: desigual. Lendo esta obra interessantíssima de carater histórico cultural inestimáveis, temos uma visão ampla e clara de como a riqueza mundial se acumulou nas mãos alguns poucos homens, e de como estes indivíduos sempre se tornaram mais e mais ricos devido a suas posições sempre privilegiadas, dando origem a este monstro desproporcional que é a concentração de renda e suas nefastas consequências, que espalham miséria e indignidade para as demais camadas da população mundo a fora, constituindo e perpetuando este profundo e vertiginoso abismo que separa ricos e miseráveis. Esta inominável minoria de seres que tudo podem e possuem, em contraste agudo com esta massa de pessoas que nada tem. Em sua narrativa fluida e clara, inteligente, crítica e competente, este grande autor rebelde da língua norte-americana nos evidencia as armações, os mecanismos, enfim, as táticas excludentes que estes gananciosos capitalistas utilizaram para construir seus impérios. Na foto acima, onde vemos o alvo semblante deste notório agitador e crítico social norte-americano, deparamo-nos com um momento importante da história contemporânea, onde este depõe na famigerada comissão do Senado daquele país, comissão esta encabeçada pelo crápula, paranóico e cretino Senador MacCarthy que, em sua ânsia de perseguição, impôs um clima de medo e paranóia que assolou a America do Norte nos anos 1950, atrapalhando a vida de muitos cidadãos daquele país, quando por desventura caíam em suspeita e eram chamados a depor em sua famigerada Comissão. Algo, guardadas às devidas proporções, comparável a Santíssima Inquisição que perseguia, torturava e matava cruelmente - segundo seus voláteis interesses - as vítimas da vez, através de práticas repugnantes e brutais. Uma espécie de Diabo ou Mau muito convinientes, muito longe dos desígnios e propósitos divinos do Criador de tudo que existe.
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Nas citações escolhidas a dedo dentro desta interessantíssima obra de história e crítica social, vemos a perspicácia deste autor em traçar um panorama da evolução da riqueza, descrevendo com clareza os métodos e os acontecimentos políticos e sócio-culturais que levaram a humanidade a calcar sua vida no consumo, alimentando com seu suor e com seu sangue a esta imensa avassaladora máquina capitalista que hoje nos devora a todos - inclusive ao próprio planeta esgotado - em suas infinitas ganâncias por mais lucro.
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CITAÇÕES
Sobre o valor da vida humana:
"Na verdade, no século XI, um camponês francês estava avaliado em 38 soldos, enquanto um cavalo valia 100 soldos!" (pág17)
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Sobre a eterna e viciada relação de senhores e servos:
"Todos os trabalhadores dedicados ao mesmo ofício numa determinada cidade formavam uma associação chamada corporação artesanal. Hoje em dia, quando um político ou industrial faz um discurso sobre a "associação do Capital e Trabalho" , o trabalhador experimentado pode, com justiça, dar de ombros e exclamar: "Isso não existe!" Não pode acreditar nessa afirmação, pois aprendeu pela experiência que há um abismo entre o homem que paga e o que é pago." (pág64)
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Sobre o boicote imposto ao povo pelos poderosos da vez, expulsando-os das terras:
"O movimento de fechamento das terras provocou muito sofrimento, mas ampliou as possibilidades de melhorar a agricultura. E quando a indústria capitalista teve necessidade de trabalhadores, encontrou parte da mão-de-obra entre esses infelizes desprovidos de terra, que haviam passado a ter apenas a sua capacidade de trabalho para ganhar a vida." (pág118)

Sobre o desaparecimento dos artesãos independentes da Idade Média:
"Do século XVI ao XVIII os artesãos independentes da Idade Média tendem a desaparecer, e em seu lugar sugem os assalariados, que cada vez dependem mais do capitalista-mercador-intermediário-empreendedor." (pág125)

Sobre a política mercantilista e seus nefastos efeitos nas sociedades:
"O fruto da política mercantilista é a guerra. A luta pelos mercados, pelas colônias - tudo isso mergulhou as nações rivais numa guerra após a outra." (pág142)
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Sobre a burguesia e a revolução:
"Foi essa classe média, a burguesia, que provocou a Revolução Francesa, e que mais lucrou com ela. A burguesia provocou a Revolução porque tinha de fazê-lo. Se não derrubasse seus opressores, teria sido por eles esmagada. Estava na mesma situação de um pinto dentro de um ovo que chega a um tamanho em que tem de romper a casca ou morrer. (pág159)

"A burguesia forneceu a liderança, enquanto os outros grupos realmente lutaram. E foi a burguesia quem mais lucrou.
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Sobre a morte do feudalismo:
"Quando o fumo da batalha se dissipou, viu-se que a burguesia conquistara o direito de comprar e vender o que lhe agradasse, como, quando, e onde quisesse. O feudalismo estava morto." (pág163)
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Sobre as primeiras acumulações de riqueza da história e seus métodos:
"A descoberta de ouro e prata na América, a extirpação, escravização esepultamento, nas minas, da população nativa, o início da conquista e saque das Índias Orientais, a transformação da África num campo para a caça comercial aos negros, assinalaram a aurora da produção capitalista. Esses antecedentes idílicos constituem o principal impulso da acumulação primitiva." (pág169)
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Sobre o comércio de seres humanos como forma de enriquecer:
"O comércio trouxe a riqueza à metrópole. Fez as primeiras fortunas dos comerciantes europeus. Particularmente interessante como fonte de acumulação de capital foi o comércio de seres humanos, os negros nativos da África."
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LIVRO: A História da Riqueza do Homem // AUTOR: Leo Huberman // EDITORA: Zahar // rIO DE jANEIRO // 1974 // 10a edição

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