quinta-feira, 23 de julho de 2009

COLOMBA DE MÉRIMÉE: UM ROMANCE FRANCÊS À MODA ANTIGA

QUEM?
Prosper Mérimée (1803-1870), brilhante dramaturgo, contista, historiador e arqueologista francês. Autor de Colomba e da imortal Carmen.
*
COMENTÁRIO
Colomba de Prosper Mérimée é um romance à moda antiga com belas donzelas, homens nobre e corajosos, terras estranhas com costumes e hábitos exóticos, intrigas, vinganças, tiroteios, sangue, coincidências extravagantes; enfim, uma bela história nos moldes clássicos de se escrever romance de aventura. Este talentoso autor francês nos leva com habilidade para dentro deste mundo 'selvagem', por assim dizer, e acabamos irremediavelmente envolvidos na trama que ele nos propõe com sua prosa suave e elegante. Interessantíssimo, não só pela especificidade da cultura abordada, como também por sua narrativa ágil e instigante, típica destes romances de viagens e expedições; Colomba é para ler, entreter e relaxar o leitor que aprecia este tipo de texto menos profundo, ainda assim, criativo, estiloso e agradável. Nas citações escolhidas, vemos um pouco da alma desta gente brava e arredia da Córsega que levava seus códigos de honra a limites extremos, e que praticavam crimes e vinganças sangrentas como parte de seus cotidianos rudes e aguerridos.
*
CITAÇÕES
Um pai deserperado lamenta a morte de dois filhos:
"Mas essa dor ruidosa causava menor impressão do que o silencioso desespero de um personagem que atraía todos os olhares: o desventurado pai que, indo de um cadáver a outro, levantava as cabeças sujas de terra, beijava os lábios violácios, soerguia os membros já hirtos, como para lhes evitar os solavancos da estrada. Às vezes, viam-no abrir a boca para falar; mas não soltava um grito, nem uma palavra." (pág146)
*
Colomba, a personagem principal do romance, em ato de extrema bravura:
"Atiraram pedras às janelas da sala em que se achavam Colomba e seus hóspedes. Dois tiros foram disparados e, atravessando o paravento, as balas fizeram voar pedaços de madeira sobre a mesa, perto da qual estavam sentadas as duas mulheres. Miss Lídia gritou aterrorizada, o coronel agarrou sua carabina e Colomba, antes que a pudessem deter, atirou-se à porta da casa e escancarou-a de golpe. Aí, de pé sobre o limiar, as duas mãos estendidas na direção dos inimigos, esplendidamente resoluta, clamou:
- Covardes! Atiram sobre mulheres e estrangeiros! São corsos? São homens? Miseráveis que apenas sabem assassinar pela retaguarda! Avancem! Eu os desafio! Estou sozinha! Meu irmão está longe! Matem-me! Matem a meus hóspedes! Será digno de quem são!... Não ousam, covardes?! Sabem que nos vingaremos!... Vão, vão chorar como mulheres e agradeçam por não exigirmos mais sangue!" (pág147)
*
LIVRO: Colomba // AUTOR: Prosper Márimée // EDITORA: Livraria Martins // São Paulo // Sem data

Nenhum comentário: