quinta-feira, 1 de outubro de 2009

1984 DE GEORGE ORWELL: UM CLÁSSICO DA CACOTOPIA FICCIONAL

QUEM?
Eric Arthur Blair (1903/1950). Talentoso jornalista, ensaísta e romancista britânico, que escreveu sob o pseudônimo George Orwell. Autor do clássico espetacular 1984.
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COMENTÁRIO
Quem leu sabe: 1984 é uma porrada! Pois fala com extrema precisão de um mundo - e, vejamos que o autor escreveu a referida obra em 1949, ou seja, longe de nossos dias, lá nos meados do século XX - onde, com uma lucidez impressionante, transporta-nos para a dramática e instigante trama de terror social, de desumanidades e de regime de controle absoluto e exacerbado até mesmo do pensamento dos indivíduos, dando origem - mesmo que a maioria das pessoas, que não leu o livro e usa a expressão, não saiba - ao termo Grande Irmão, muito em voga hoje em dia, neste Mundo atual e vulgar do terceiro Milênio, que é com efeito assolado pela nanotecnologia, pela bionanotecnologia e bioengenharia, pela clonagem, pela genômica e pelas demais formas que a humanidade - digo - o homem (homosuicidasapiens) descobriu e inventou para dominar e controlar, e, acima de tudo, tentar subjugar a Natureza que o gerou, além de corromper sua própria essência; se é que temos uma. Neste complexo contexto onde o Ser Humano brinca impunemente de Deus, as repercuções práticas de tal bobardeio tecnológico são desastrosas além de imprevisíveis, especialmente se for mais uma vez exercido - como sempre de fato é - tendo única e exclusivamente o lucro máximo a nortear as ações que dizem respeito e afetam à sociedade como um todo e de forma ampla, marcante e singular.
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Trata-se sem dúvida de uma obra fantástica, muito bem escrita, de extrema habilidade crítica, de uma veracidade contundente e desconcertante, que nos faz refletir, digamos assim, 'à força' sobre este mesmo Mundinho besta que vivemos hoje, isso tudo há mais de meio Século atrás na ocasião inspirada de sua redação, quando este visionário e brilhante escritor britânico previu - e que nós mesmos, através de nossas existências e de nossas escolhas sóciopolíticas e de consumo, ajudamos a construir e dar forma - toda esta loucura que está à nossa volta - digo - a cultura na qual estamos inseridos. No livro vemos pessoas manipuladas e indiscriminadamente controladas, sem tempo para si mesmas, servindo submissamente, vazias de consciência mas repletas de agonia voraz de uma imcompletude descomunal, a ponto de permitirem a terceirização de suas próprias vidas, de suas existências e, especialmente, manobradas segundo interesses escusos e egoístas que sempre privilegiam uma mesma minoria; enfim, isso nos lembra alguma coisa? É duro compreender que nós, a humanidade, coletivamente falando, possamos ser apenas uma gigantesca e formidável massa global de consumo inconsciente de si mesma, que se digladia e se mata trabalhando e doando a própria vida para mover a inominável e cruel máquina capitalista que está em toda parte; ou seja, o famigerado, o dito, o repetido e cultuado Grande Irmão. É exatamente disso que fala 1984 e não se engane: o autor, mesmo que privado de uma visão real do futuro que estaria por vir diante de si, soube trazer à tona notáveis fantasmas que, com toda certeza, de fato assombram os nossos dias atuais.
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1984: Dica da pesadíssima para quem não quer errar na escolha de um bom livro. Obra para ler e pirar - digo - refletir e agir. Assim, sem medo de me equivocar, indico honrosamente 1984, obra esta muito interessnate, e que me foi indicada por uma pessoa especial e querida, amada e admirada, a quem dedico estas humildes linhas virtuais jogadas ao léu na grande rede neste momento lúdico, perfilando-a junto a grandes obras do gênero cacotópico futurista de ficção, como o incrível Admirável Mundo Novo, de Huxley, e o THX 1138 (filme), de Copolla.
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Deste modo, segue aqui, apenas a título de petisco literário, um trecho bombástico escolhido especialmente a dedo por este velho Escriba pós-tudo da veloz Era digital.
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Da Redação.
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CITAÇÃO
"Era possível, sem dúvida, imaginar uma sociedade em que a riqueza, no sentido de posse pessoal e de bens e luxos, fosse igualmente distribuída, ficando o poder nas mãos de uma pequena casta privilegiada. Mas na prática tal sociedade não poderia ser estável. Pois se o lazer e a segurança fossem por todos fruídos, a grande massa de seres humanos normalmente estupidificada pela miséria aprenderia a ler e aprenderia a pensar por si; e uma vez que isso acotecesse, mais cedo ou mais tarde veria que não tinha função a minoria privilegiada, e acabaria com ela. De uma maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na base da pobreza e da ignorância" (pág178)
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LIVRO: 1984 // AUTOR: George Orwell // EDITORA: Companhia Editora Nacional // 1949

3 comentários:

CaminhodoMeio disse...

Bom dia escriba
Realmente o livro 1984 é uma grande dica.Quando lí( já faz em tempão),tocou fundo.O trecho selecionado é uma pérola.Obrigada por continuar nos brindando com suas indicações e reflexões.Vá em frente pois precisamos de profissionais que amam o que fazem e nos transmitem a força acumulada dos que persistem na lúdica tarefa de ser o que são nesse mundo tragicômico.
Carinho.
Tania

CaminhodoMeio disse...

correção: um tempão.
Tania

Márcia Hora Acioli disse...

Li faz tempo... acho que li no próprio ano-título. Coisa de moda. Foi uma leitura rica, mas angustiante. Hoje penso que o que ele previa à época era uma tendência, um movimento nítido do controle e da exclsão como estruturas de uma sociedade de privilégios, portanto desigual. Adorei o comentário. Muito bem escrito, com muita sensibilidade!