
Vere Gordon Childe (1892/1957). Filólogo australiano que se especializou em arqueologia. Autor de diversas obras importantes dessa segunda disciplina como A Evolução Cultural do Homem (1965).
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COMENTÁRIO
Vere Gordon Childe foi um homem estudioso, arqueólogo renomado de erudição notória. Suas pesquisas e descobertas fundaram a maioria das nossas convicções acerca dos misteriosos hábitos dos homens Pré-Históricos. Através de fragmentos e muita dedicação, ele, junto com seus colegas de profissão, foi literalmente desenterrando a história desse tempo. É impressionante o que ele constatou em suas escavações. São jarros, cestos, cerãmicas, metais, tumbas, ornamentos, ferramentas, armas, amuletos, enfim, uma riqueza sem limites para os amantes da arqueologia e que, com muitíssima dedicação, transformaram-se em dados e informações que compõem um mosaico relativamente confiável dessa impressionate aurora humana no planeta Terra. E, convenhamos, foi uma evolução brutal: do molde do barro à fundição de metais, do chumbo ao bronze e depois o ferro. Moldar as matérias da Natureza pareceu ao homem ato de criação, e era. Do domínio do fogo passando pela Pedra Lascada, as primeiras ferramentas e armas, a roda, a vela, a escrita e a matemática, enfim, o ser humano nunca mais pararia de inventar suas novas maneiras de se adaptar, controlar e explorar o ambiente que o contém. É a aventura humana na Terra seguindo sempre adiante. É o ser humano moldando o seu próprio futuro com a argila nodosa desse amanhã difuso e improvável que culmina hoje conosco, os modernos e pós-modernos.*
Tudo isso, como veremos, muitíssimo ligado à sobrevivência, à permanência dos grupos humanos das primeiras sociedades agrícolas, intimamente ligado à economia, à produção de alimentos e aos excedentes desses que poderiam assim alimentar esses novos profissionais especializados que nasciam em meio à cultura.
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CITAÇÕES
"A tarefa do ferreiro era mais complicada e exigente que a do ceramista, o conhecimento necessário era mais especializado. É duvidoso que a metalurgia pudesse ser praticada como uma indústria doméstica, nos intervalos do trabalho agrícola. Entre os bárbaros de hoje, os ferreiros são especialistas, e o trabalho do metal provavelmente sempre foi uma ocupação absorvente demandando todo o tempo do trabalhador. O ferreiro pode portanto, ser o trabalho especializado mais antigo, com exceção do mágico. Mas uma comunidade só pode ter um ferreiro se dispuser de um excedente de alimentos: o ferreiro, estando afastado da produção de alimento, deve ser alimentado com o excedente não consumido pelos agricultores. O uso industrial do metal pode, assim, ser considerado como indício da especialização do trabalho, e de que o abastecimento de alimentos da comunidade excede suas necessidades normais." (pág123)
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"O mágico pode ter sido o primeiro artesão independente, o primeiro membro de qualquer comunidade a ter direito ao produto excedente da busca coletiva de alimento, sem contribuir para ela com sua atividade física. Mas a vara do mágico é o embrião de um cetro, e os reis históricos ainda conservam muitos ornamentos de seu posto mágico." (pág138)
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LIVRO: A Evolução Cultural do Homem // AUTOR: Gordon Childe // EDITORA: Zahar // Rio de Janeiro: 1968

3 comentários:
E os ladrões e as prostitutas, foram desbancados?
Em todas as épocas existem os profissionais confiaveis, que por eles, as primeiras sociedades conseguiram aprender e fazer diversas atividades.
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