sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

CAMUS IMORTAL


COMENTÁRIO
Quando se escreve como Albert Camus escrevia, tudo fica muito espetacular. Parece redundâcia, mas é pura justiça sendo feita para com a memória saudosa de um Mestre da palavra escrita. Era espetacular e visceral, intenso e profundo ao mesmo tempo, sem nunca perder de vista seu leitor e a plena satisfação deste. Com certeza ele nunca pensou nisso, é óbvio, mas fato é que era exatamente isso que fazia quando escrevia: embalava o leitor em sua cantiga romanesca e revoltosa. Sim! Albert Camus é revolta, mas uma revolta elegante e centrada, intrusíva e escarnecedora. Sua especialidade, por assim dizer, era o homem revoltado e seu universo extremamente rico, e assim ele tratava de descrever o mundo com suas infinitas contradições. Mas, trazia este mundo para dentro da cabeça de seus interessantíssimos personagens - o que, com toda a certeza, era um reflexo direto de seu espírito, dando ao leitor a oportunidade única de 'ressentir' certos conflitos existenciais e existencialistas, próprios de uma época passada que pode e deve ser revisitada. Apesar da manchete tratar da morte do gênio, a citação a seguir trata propositalmente de ambos: vida, na sobrevivência, e morte, no falecimento de um antagonista da trama. Suas criações são tão reais que nos estarrecem; coisa que Camus fazia como ninguém. E ainda faz: basta lê-lo.
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CITAÇÃO
"O gatilho cedeu, toquei o ventre polído da coronha e foi aí, no barulho ao mesmo tempo seco e ensurdecer, que tudo começou. Sacudi o suor e sol. Compreendi que destruíra o equilibrio do dia, o silêncio excepcional de uma pria onde havia sido feliz. Então, atirei quatro vezes ainda num corpo inerte em que as balas se enterravam sem que se desse por isso. E era como se desse quatro batidas secas na porta da desgraça." (pág. 63)
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LIVRO: O ESTRANGEIRO // AUTOR: ALBERT CAMUS // EDITORA: RECORD // RIO DE JANEIRO, 2005, 26a edição.

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