sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

CANIBAIS


COMENTÁRIO
Que os povos 'bárbaros', trazidos à Europa da recente descoberta de terras ultramarinas, comessem uns aos outros em seus rituais tribais, tudo bem. Mas daí a andarem nus pela corte já é outra conversa! O Mestre Montaigne dedica várias páginas sobre os canibais e conclui, com muito bom humor, ressaltando o choque cultural e o fato de tais índios andarem por aí assim como foram feitos pela própria Natureza.

CITAÇÃO
"Conversei longamente com um deles, mas meu intérprete compreendia tão mal e se mostrava tão embaraçado com as perguntas que, graças à sua estupidez, não pude obter algo mais sério de meu interlocutor. Tendo-lhe perguntado de onde provinha sua ascendência sobre os seus (era um chefe e nossos marinheiros o tratavam como um rei), respondeu-me que tinha o privilégio de marchar à frente dos outros quando iam para a guerra. À minha pergunta: quantos homens o acompanhavam? Mostrou um terreno como para dizer: o que cabia naquele espaço, cerca de 5 mil homens. Indagadei ainda se nas épocas de paz ele conservava alguma autoridade, e disse-me: "Quando visito as aldeias que dependem de mim, abrem-me caminhos no mato para que eu possa passar sem incômodo." Tudo isso é, em verdade, interessante, mas, que diabo, essa gente não usa calças!" (pág. 109)

Coleção: OS PENSADORES // Volume: Michel de Montaigne // Livro: ENSAIOS I // Editora: Abril Cultural // São Paulo: 1972, 1a. edição
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