sábado, 17 de janeiro de 2009

A HISTÓRIA DE UM CAVALO POR LEÃO TOLSTÓI

QUEM?
Leão Tolstói (1828-1910) ou, simplesmente, Лев Николаевич Толстой - eminente escritor russo.
COMENTÁRIO
Alguns críticos, talvez por não terem o que dizer de concreto sobre a literatura da mãe Rússia e seus inumeráveis talentos, arriscam dizer sobre algum escritor aqui e ali, independentemente de sua nacionalidade, fazendo menção a uma certa maneira de explorar as misérias do dia-a-dia, dizendo que estes são 'russos demais'. Puro despeito, pois seus verdadeiros expoentes, como é o caso de Tolstói , Gorki, Tchékhov, Dostoiéviski entre muitos outros, são escritores fantásticos, que souberam escrever muito bem sobre as mazelas e qualidades de sua Pátria e de seu povo. A citação escolhida aqui, vem de um conto interessantíssimo, onde o Mestre conta toda a história do ponto de vista subjetivo do personagem principal: Kholstomér; um cavalo muito simpático. Muito triste e emocionante, ainda assim, uma belíssima história que valoriza de forma brilhante a vida animal de uma maneira geral e que, com certeza, comoverá o leitor, assim como comoveu este dedicado Editor. Da Redação.
CITAÇÃO
"Quando dei a volta da vitória, a multidão me seguiu. E umas cinco pessoas ofereceram milhares de rublos ao príncipe. Ele apenas riu, mostrando os dentes brancos.
- Não, disse ele - ele não é um cavalo, é um amigo, e eu não o vendo nem por uma montanha de ouro. Até a vista, senhores - e acomodou-se no assento. - Para Stojinka. - Era o apartamento de sua amante. E nós voamos para lá. Foi nosso último dia feliz. Chegamos á casa dela. Ele dizia que ela era dele. Mas ela se apaixonou por outro e o deixou. Ele soube disso lá, no apartamento. Eram cinco horas e ele foi atrás dela sem me desatrelar. Coisa que nunca tinha acontecido: açoitaram-me com o chicote e me fizeram galopar. Pela primeira vez perdi o passo, fiquei com vergonha e quis acertar, mas, de repente, ouvi o príncepi gritar feito possesso: "Anda!". Fustigou-me com o chicote, senti a pontada e saí a galope batendoas patas no jogo dianteiro do coche. Nós a alcançamos vinte e cinco verstas adiante. Eu o levei até lá, mas passei a noite toda tremendo, nem comer eu consegui. De manhã deram-me água. Bebi, mas para o resto da vida deixei de ser o cavalo que era. Fiquei doente, atormentaram-me e me mutilaram - curaram-me, como dizem os homens. Meus cascos se soltaram, meu peito sumiu, a fraqueza e o abatimento tomaram conta de mim. Venderam-me a um negociante de cavalos."
LIVRO: O DIABO E OUTRAS HISTÓRIAS // AUTOR: LEÃO TOLSTÓI // EDITORA: COSACNAIFY // SÃO PAULO // 2000/2005.


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