terça-feira, 5 de maio de 2009

MOBY DICK: A IMORTAL BALEIA DE MELVILLE

QUEM?
Herman Melville (1819-1891). Notório escritor norte-americano que, entre outras coisas, marinheiro que era, escreveu sobre as aventuras dos mares do mundo com grande talento. Autor da imortal Moby Dick, a lendária baleia branca, dentre outras belíssimas estórias do mar.
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COMENTÁRIO
Perseguir e predar outras espécies vivas sempre foi a 'nossa'. Quero dizer, nossa especialidade. Andamos por ai, através dos mares e dos vastos territórios do Planeta caçando, espicaçando e devorando os demais seres viventes, seja para nos alimentarmos ou para vendermos os seus corpos, como se só nós tivéssemos direito à vida, numa barbárie antropocêntrica, cruel e insustentável, que se arrasta pelos tempos desde que o mundo é mundo. Uma lástima. Nem mesmo animais gigantescos como as baleias cachalotes, que chegam a medir 18 metros de comprimento, e pesar mais que 45 toneladas, conseguiram se esquivar de nossa ferrenha e sanguinária perseguição. Estes enormes, magníficos e delicados seres marinhos, em suas inocências puras e imaculadas, não são capazes de competir com nossa extraordinária engenhosidade predatória, e vão sucumbindo copiosamente às centenas, pois seus corpos e, especialmente, sua gordura, são extremamente valorizados no mercado mundial.
Trata-se de algo assim, como direi eu, humilde Escriba, inacreditável. Em pleno século XXI, em pleno alvorecer de uma nova era digital de convergência tecnológica, em um mundo fascinado e atônito pela física quântica e pela nanotecnologia, de avanços científicos inimaginados, ainda hoje, continuamos matando legiões de baleias a arpoadas, a despeito de toda crise e colapso ambiental que nos assola, perpetuando insanamente, esta tragédia descomunal que é a intolerância para com as demais espécies vivas. Ademais, subsiste ainda, sólida e inabalável, a própria questão basilar e contraditória de não respeitarmos nem mesmo o ambiente que nos gera e sustenta.
Mesmo assim, com tudo isso, mesmo sendo Moby Dick uma estória de caça à baleia nos idos do século XIX - e assim podemos ver que a tradição predatória corta a história humana na Terra há mais de duzentos anos - o romance do mestre norte-americano da pena Herman Melville, é uma pérola da literatura universal de todos os tempos. Muito além da perseguição à poderosa baleia branca da estória, que se recusa a se subjugar perante o homem, existe uma procura pelo sentido da própria existência humana, dentro do fantástico ambiente que é estar-se numa casquinha de noz a singrar os sete mares do mundo. Vale lembrar ainda que Melville, antes de ser escritor, foi marinheiro, e vivenciou de perto a vida marítima, embarcado a bordo de naus, e toda esta angústia que é viver a perseguir estes gigantescos peixes, a caçá-los e exterminá-los.
A magnífica baleia cachalote de Melville é leitura selecionada e indispensável às pessoas que tem sensibilidade para perceber a vida em toda a sua pungência, e para os amantes inveterados dos romances de aventura. Na passagem em questão, vemos a tensão dos personagens no momento exato da caça à baleia.
Moby Dick: cinco peninhas de ouro Escriba.
Da Redação.
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CITAÇÃO
"Um som breve e sibilante se estendeu pelo espaço, erguendo-se do bote. Queequeg tinha disparado o arpão. Imediatamente um puxão inesperado, partindo da pôpa, fêz estremecer o nosso bote, ao passo que a parte dianteira parecia ter esbarrado num recife. A vela arriou e estalou; uma onda de vapor escaldante explodiu bem perto e qualquer coisa rolou trepidando debaixo do bote, como um terremoto. A tripulação aos trambolhões e envolta em brancos coágolos de espuma, parecia meio asfixiada. Temporal, baleia e arpão fundiram-se num instante, porém a baleia, apenas arranhada pelo arpão, escapou-se." (pág374)
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LIVRO: Moby Dick // AUTOR: Herman Melville // VOLUME: I // EDITORA: José Olympio // Rio de Janeiro // 1957

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