terça-feira, 26 de maio de 2009

O DICIONÁRIO KAZAR DE MILORAD PÁVITCH

QUEM?
Milorad Pávitch (1929). Em sérvio: Милорад Павић. Poeta, romancista e tradutor sévio, estudioso da História da Literatura. Autor do interessante livro O Dicionário Kazar.
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COMENTÁRIO
O livro em questão de Milorad Pavitch, O Dicionário Kazar, é uma obra muito interessante. Nela o competente autor sérvio nos leva para um mundo místico de fantasia e mistérios, símbolos e signos, de lendas e estórias antiquíssimas, neste belo romance que trata do debate entre as três principais doutrinas religiosas do Planeta: O catolicismo, o islamismo, e o judaismo. Em forma de dicionário, e escrito com sabedoria e prosa intrigante, vemos através de sua pena hábil, um povo muito interessante, os Kazares, que promovem o embate filosófico entre os líderes das supracitadas religiões, no que ele, o autor, chama de A Polêmica Kazar. Prosa elegante e instigante, carregada de fatos e lendas, algúrios e simbolismos, lugares remotos e situações enigmáticas notáveis. Leitura antropológica e mística que, com certeza, alargará os horizontes do leitor atento que gosta de textos exóticos e inteligentes.

Na citação, vemos um demônio, Nikon Sevast, com uma história bem interessante e bem humorada. É só conferir e se deleitar.
Da Redação.
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CITAÇÃO
"SEVAST, NIKON (Século XVII) - Conta-se que, em certa época, o diabo viveu sob este nome, na garganta de Óvtchar, nas margens do Mórava, nos Bálcãs. Era particularmente gentil e chamava a todos por seu próprio nome: Sevast. Trabalhava como protocalígrafo no mosteiro São Nicolau. No lugar em que se sentava, deixava a marca de dois rostos e tinha um nariz no lugar da cauda. Afirmava que numa vida anterior tinha sido um demônio do inferno judeu, servindo Belial e Gueburá e enterrando cadáveres nos sótãos das sinagogas. Num outono em que os pássaros soltavam titica envenenada, queimando folhas e infectando as ervas, contratou um capanga para que o matasse. Era sua única maneira de passar do inferno judeu para o inferno cristão, e de poder servir Satã em sua nova vida.
Segundo outras narrativas, ele nem morreu. Deixou um cão lamber um pouco de seu sangue, entrou na tumba de um turco, pegou-o pelas orelhas e, tendo-o esfoladso, vestiu sua pele. Por causa disto, seus olhos de cabra miravam através de belos olhos turcos. " (pág85)
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LIVRO: O Dicionário Kazar // AUTOR: Milorad Pávitch // EDITORA: Marco Zero // Sem Data // PRIMEIRA EDIÇÃO: 1691

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