QUEM?
Alexandre Quaresma (1967). Ambientalista, escritor contista e romancista brasileiro, pesquisador independente de nanotecnologia e impactos sociais, videomaker com mais de 25 anos de experiência pregressa, nascido em São Paulo, atual editor chefe e escriba titular deste Blog. Autor dos livros A Testemunha, conto ecológico de suspense, e Nanocaos e a Responsabilidade Global, ensaio de divulgação científica sobre nanotecnologia, ambos publicados por esta Editora virtual. Diretor dos documentários de divulgação científica Nanotecnologia O Futuro é Agóra, Para Entender as Nanotecnologias, Nanotecnologias e o Mundo do Trabalho, Reflexões Sobre o Desenvolvimento das Nanotecnologias e Nanotecnologias Sociais.
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ARTIGO
Os avanços das nanotecnologias (NT's) na Gringolândia, ou seja, nos países mais ricos Mundo afora, anda de vento em popa, ou melhor, com dinheiro e caixa, fazendo progressos fantásticos e ao mesmo tempo assustadores. Sim, porque as NT's já são uma realidade e estão sendo desenvolvidas e aplicadas meio que na 'encolha', e à revelia da própria sociedade que não é informada de que já a está consumindo e, lamentavelmente, sempre sob a proteção de leis capitalistas de sigilo industrial. Isto é um tanto óbvio se não fosse assustador e preocupante. Declaro isto pois ouvi, de fonte segura, da boca de quem trabalha nas tais corporações transnacionais justamente nestes ambientes de desenvolvimento tecnológico de produtos contendo NT's, que ninguém sabe o que se está fazendo e avançando em P&D's de NT's sequer na sala ao lado. Ou seja, no outro laboratório, às vezes, da mesma empresa, existe um outro técnico especialista, um outro cientista trabalhando, que também não pode, sob pena de ser punido judicialmente, mencionar os seus projetos a absolutamente ninguém. Isto é uma regra geral, é claro que há exceções. Todavia, com efeito, isso tudo nos indica que, provavelmente, sabemos bem menos do que o que se dá de fato em termos concretos no que diz respeito aos níveis de avanços em nanotecnologia no momento presente.
Isso tudo, é claro, sem falar do grande engano que é considerarmos estes avanços como pertencentes a toda a humanidade. Na verdade, no mundo real, no universo das patentes, por exemplo, no mundo dos homens, as nanotecnologias significam negócios, nada mais. É um equívoco acreditarmos num mundo em que os grandes capitalistas desenvolvem dentro de si sentimentos e princípios humanistas, pois isto nunca irá acontecer. Prova disto é que muito em nanotecnologia - como não poderia deixar de ser, especialmente considerando os países envolvidos - já está sendo aplicado em armamentos e produtos bélicos. São muitas as suas possíveis utilizações em diversas áreas, não só na militar. A miniaturização, por exemplo, é a mais óbvia, mas os potenciais vão bem além disso, e tratam de manipulação da informação de uma maneira geral: a otimização e potencialização de propriedades, como as explosivas, por exemplo; mas tratam também de rastrear, controlar pessoas e materiais com nanochips; e, finalmente, de alterar gens, clonar e fabricar novos organismos vivos, organismos estes, órfãos da cadeia evolutiva natural, o que pode ser um enorme perigo de incomensuráveis impactos.
Poderíamos dizer, sem medo de engano, que as nanotecnologias servem para quase tudo. Com a diminuição para a escala nano, um bilionésimo de um metro, embalagens, por exemplo, podem continuar a levar informações ao fabricante, mesmo depois de serem adquiridas. É possível que estes produtos continuem a trabalhar mesmo em nossas casas, enviando sinais do momento da abertura do próprio produto, sua localização física no espaço, se foi consumido inteira ou parcialmente, ou seja, tais avanços e aplicações comerciais e estratégicas, no mínimo, levantam quetões amplíssimas de cunho ético, filosófico e social.
Há que se atentar para as nanotecnologias sob pena de sermos engolidos por elas.
Toda vez que uma nova tecnologia chega, infalivelmente, destrói ou reduz drasticamente suas predecessoras. Assim, o Brasil precisa estar atento às questões relativas às nanotecnologias. Estamos numa verdadeira encruzilhada histórica: por um lado, um imenso potencial de desenvolvimento e aplicações destas técnicas, para que possamos, além de sanar nossas mazelas sociais, competir de igual para igual com os outros países; e, por outro, imensos riscos, e a necessidade premente de mais pesquisas de impacto na saúde humana e no meio ambiente, além da carência monumental de regulação do setor. Como se costuma dizer no popular, deixar para as próprias corporações a responsabilidade de se auto-regular, é um ato tão insano quanto tentar amarrar cachorro com linguiça. Estes grupos pensam em números, e não em pessoas.
Vale lembrar também que outras tecnologias já surgiram na história da humanidade, e que as desigualdades gritantes continuaram e até pioraram depois delas. As tecnologias, em si, não alteram a realidade sozinhas. Não mudam nada por si mesmas. São apenas ferramentas em mãos humanas.
Em um mundo consumista, capitalista e massificado, as NT's chegam para aguçar a ganância de alguns, e a preocupação de outros que pesquisam, como eu, por exemplo. Deste modo, direto da Redação, segue aqui a dica deste humilde editor Escriba: Populações do Planeta, olho vivo com as NT's!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
NANOTECNOLOGIA NA GRINGOLÂNDIA
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2 comentários:
Acompanho os escritos deste escriba sobre as nanotecnologias e estou de acordo com as preocupações que os mesmos exprimem. Aproveito este espaço para fazer uma divagação: atualmente assistimos ao "débâcle" do capitalismo financeiro. Tal fato, "impressionante" para os distraídos cidadãos do primeiro mundo, já era de todo previsível para os intelectuais do andar de baixo, incluindo os de buteco, entre os quais me incluo. Agora que a fera capitalista está acuada, novamente os ingénuos do mundo privilegiado enxergam a oportunidade de um renascimento com face humana da besta fera. Porém, o que se pode esperar de uma animal acuado é apenas que ele se volte com ferocidade inaudita contra suas vítimas/algozes. Ou seja, ao invés de face humana,convêm estar preparado para um esforço extra e desesperado no sentido de uma mais opressão por parte dos detentores do poder/preservadores do "status quo", diante de seu evidente evanescimento. Atenciosamente, Rodrigo Roal
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