Alexandre Quaresma (1967). Ambientalista, escritor contista e romancista brasileiro, pesquisador independente de nanotecnologia e impactos sociais. É videomaker, com mais de 25 anos de experiência pregressa, nascido em São Paulo, atual editor chefe e escriba titular deste Blog. Autor dos livros A Testemunha, conto ecológico de suspense, e Nanocaos e a Responsabilidade Global, ensaio de divulgação científica sobre nanotecnologia, ambos publicados por esta Editora virtual. Diretor dos documentários de divulgação científica Nanotecnologia O Futuro é Agóra, Para Entender as Nanotecnologias, Nanotecnologias e o Mundo do Trabalho, Reflexões Sobre o Desenvolvimento das Nanotecnologias e Nanotecnologias Sociais.
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ARTIGO
Quero tratar aqui de um assunto complexo e, para tanto, peço licença ao nobre e paciente leitor para usar de toda franqueza que me for possível, além de, sem mais delongas, adentrar lúcida e objetivamente o tema em questão. Para isso, partirei de uma máxima simples, maturada e desenvolvida por mim, em minhas repetidas e gratas visitas à magnífica cidade de São Paulo, minha terra natal, e seus intermináveis congestionamentos.
A cultura dos automóveis individuais movidos a combustíveis não renováveis e poluentes está com seus dias contados.
Sim, e isso se dará por diversos motivos importantes e convergentes. E, é justamente por isso, que tentarei ser breve neste artigo, abordando apenas alguns dos tópicos mais notáveis e gritantes relativos a este contexto de desenvolvimento social e cultural, deixando de fora as outras infinitas possibilidades de recortes e abordagens.
A cultura dos automóveis individuais movidos a combustíveis não renováveis e poluentes está com seus dias contados.
Sim, e isso se dará por diversos motivos importantes e convergentes. E, é justamente por isso, que tentarei ser breve neste artigo, abordando apenas alguns dos tópicos mais notáveis e gritantes relativos a este contexto de desenvolvimento social e cultural, deixando de fora as outras infinitas possibilidades de recortes e abordagens.
A primeira, e talvez, mais importante observação a ser feita aqui é de natureza matemática, proveniente das ciências exatas mas, passando, sem nenhuma sombra de dúvida, pela área de humanas, pelo bom senso e pela ponderação, virtudes que nunca se mostraram desfavoráveis ao salutar e profícuo julgamento. Todos os dias novos veículos são produzidos, enquanto que as ruas e estradas, vistas de uma maneira prática e quantitativa, continuam do mesmo tamanho. Parece filosofia rasa de botequim, mas não é nada disso. Trata-se, de fato, de uma dura realidade, imponente, dramática e inevitável, que precisamos a todo custo assimilar, nos debruçando sobre a matéria e, se preciso for, lançando mão de toda nossa criatividade – traço marcante de nossa espécie - e dela podermos tirar bons proveitos e boas lições e, acima de tudo, práticas que sejam mais viáveis, como alternativa ao frágil modelo que aí esta.
Minha segunda humilde ponderação, é que não faz mais sentido algum andarmos pelas ruas e estradas do Brasil e do Mundo, à bordo de veículos de transporte e locomoção individuais caríssimos, poluentes e – diga-se de passagem, abastecidos a partir de fontes não renováveis – para, além de tudo, nos engarrafarmos nestas vias que inevitavelmente temos que percorrer, para que a vida cotidiana possa seguir seu curso naturalmente e, especialmente, que a vida em sociedade possa funcionar.
Esta reflexão, nos remete, quase que diretamente, a uma outra. As populações do Planeta vêm crescendo vertiginosamente em termos numéricos e, impactos que não eram sentidos outrora, ou que eram considerados improváveis e incertos até tempos recentes, agora nos assustam de verdade e se multiplicam, nos obrigando a repensar nossos hábitos e até mesmo nossa cultura de uma maneira mais drástica e radical.
Deste modo, e como calamidades e problemas parecem atrair mais problemas e fenômenos de similar espécie, ou seja, de um certo modo, problemas 'chamam' ou 'atraem' mais problemas, é impossível deixarmos de lançar um olhar cauteloso e prescrutativo, sobre nossos hábitos e nossa cultura.
Vivemos em um mundo capitalista. E, dentro deste mundo agônico, midiático e consumista, operam as famigeradas leis de mercado, as quais me furtarei de comentar aqui, para o bem da narrativa e da reflexão que proponho. Neste ambiente e contexto, e isso vale para todos – países ricos ou não, emergentes, decadentes, dentro de organizações como a familiar, municipal, estadual, federal, enfim planetária – ou seja, o que todos querem é desenvolvimento, fartura e prosperidade. E é exatamente aqui surge o conflito.
Somos jovens enquanto nação, com uma história pregressa relativamente recente, especialmente, se considerarmos o resto do Globo, as culturas milenares orientais e o Velho Mundo. Daí, esta coisa que nós brasileiros infelizmente temos, de sermos deculturados, de repetirmos modelos, e de pouco valorizarmos nossa cultura, história e tradição, em detrimento de, modelos alheios a nós, gerando, conseqüentemente, os mesmos estragos e impactos que estes modelos já causaram em suas culturas de origem. Sim, pois nossas metas nacionais de desenvolvimento, nossos objetivos estratégicos de produção de riqueza e consumo de bens, é totalmente equivocada, e já deram prova de sua indubitável ineficiência.
Grosso modo, repetimos o que já deu errado. Daí a nossa importância estratégica de subdesenvolvidos, como reserva manancial para mais exploração capitalista.
É duro admitir: Somos movidos a consumo, e vivemos em função desta orientação cultural, e isto nos foi ensinado repetitivamente à exaustão através dos diversos meios de comunicação, mais especialmente através da televisão que não exclui ninguém em sua onipresença, e agora, nos dias atuais, pela internet. E a mensagem que nos é transmitida geralmente, é que nossa vida só adquire significado, enquanto somos peças integrantes da máquina capitalista de produção e consumo e, especialmente, pelo que possuimos e compramos. E, de fato, se usarmos da razão, doamos nossa vida a este cruel e massacrante sistema e, meio que sem querer, acabamos acreditando nisto como única alternativa, e nos absorvemos enquanto perpetuamos nossa própria escravidão dentro de uma ardilosa armadilha. Uma não, várias.
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Prezadíssimo leitor(a), gostaria de propor agora outra interessante reflexão sobre a matéria. Se olharmos bem, com olhos atentos e críticos, veremos que, dentro do jogo capitalista que participamos e sustentamos com nossas forças individuais de trabalho, nunca ganhamos o suficiente para nós mesmos, ou quem sabe, quimericamente, para nos libertarmos do jugo que nos é imposto por esta política que aí está. Não ganhamos o dinheiro de fato, vejamos bem, apenas o transportamos, de um lado para o outro. Labutamos o mês todo para, no dia do pagamento, corrermos para devolver para Eles, os capitalistas, todos os nossos míseros trocados, sob as mais diversas formas de consumo supérfluos e, dentro deste contexto de extrema externalização do prazer e da realização pessoal, surge, como o ápice e símbolo de ostentação e reconhecimento, o automóvel. Ainda mais em tempos de pick-ups e off-roads, associados a vidas maçantes e rotinas entediantes e sem sentido.
Para concluir esta breve argumentação crítica sobre nossos paradigmas e práticas culturais de locomoção, não poderíamos deixar de notar e comentar o absurdo que é as montadoras de automóveis, estas poderosas corporações multimilionárias transnacionais, ameaçarem os governos com suas lamentações, que nada mais são do que quedas de faturamento, em meio a crise que aí está, assustando as populações, amedrontando as nações mundo a fora com suas incompetências e falências – sendo que, na verdade, trata-se apenas de queda dos lucros. Absurdo maior ainda é, o que se pratica agora, que é os governos saírem a socorrer estes grupos já tão poderosos e privilegiados. Conduta praticada nos Estados Unidos da América, na Europa e, repetido, lamentavelmente por nós brasileiros, aqui em terras tupiniquins e terceiromundistas. Seria indesejável e inoportuno perguntar, por exemplo, porque o Governo Federal, em sua presteza bombeirística patriótica, ao invés de socorrer as riquíssimas montadoras, não socorre os pequenos e médios empresários que passam por dificuldades neste momento turbulento de incertezas, mandando ao diabo estes cretinos. Ou, quem sabe, investir pesado no setor de preservação ambiental e ecológico que, indubtavelmente, necessita de normatização, legislação, fiscalização, plano de manjo ecológico e sustentável, além, é claro, de punição exemplar para os malfeitores que insistirem em infringir as leis vigentes, devastando a natureza, já tão combalida? Não é possível que os interesses de um pequeno grupo ganancioso vá se sobrepor e prevalecer sobre a integridade e o bem estar da maioria da coletividade.
Vivemos o alvorecer de uma nova era, de um novo tempo de mudanças, onde antigos e nefastos modelos, precisam ser substituídos, o quanto antes, por alternativas menos danosas à natureza. A própria palavra Sustentabilidade, tão em voga ultimamente, e tão utilizada indiscriminadamente por estes mesmos grupos capitalistas, no intuito de agregar valor de marketing às suas imagens, que significa, antes de mais nada, gerar desenvolvimento, progresso e riqueza, sem comprometer as futuras gerações, não tem, de modo algum, sido observada e respeitada.
E, para finalizar, aparentemente, a única maneira possível de se corrigir toda esta loucura, seja proibir os automóveis particulares nas grandes cidades e estradas, ou sobretaxá-los de tal maneira, que seja inviável sair-se de carro sozinho por ai. Paralelamente a isso, é claro, e até com os recursos provenientes desta nova política educativa ambiental de arrecadação, fomentar-se novas matrizes energéticas e, especialmente, construir-se uma malha de transportes coletivos eficientes, baratos, seguros, confortáveis e menos poluentes.
Não se trata aqui de uma opinião particular, mas de bom senso e medidas que devem ser empreendidas o quanto antes, sob pena de fomentarmos um colapso em nível Global.
Não é possível que pessoas fúteis e vazias andem por aí em caminhonetes diesel, cujos motores, poderiam, por exemplo, estar levando toda uma classe de alunos carentes à escola, ou cumprindo uma outra missão igualmente digna.
Falo de medidas extremas e radicais. Basta agora, sabermos quem terá a coragem necessária para implementá-las.
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O tempo urge.
O tempo urge.
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Da Redação.
3 comentários:
sob o risco de parecer uma estupida que não é capaz de raciocinar sozinha:é isso aí ,falou e disse!!!!!!!bj querido
Prezado Escriba, aqui em Barcelona, onde me encontro morando, a prefeitura cobra tarifas altíssimas para o estacionamento de carros, seja na rua, seja nos estacionamentos particulares, os quais funcionam sob concessão pública. Somado a isso, a cidade implementou um poderoso e eficiente sistema de transportes urbanos, com muitos e modernos ônibus movidos a bio-gás, novas linhas de metrô e bondes. Os taxis por aqui também são relativamente baratos e bastante disponíveis. Cabe lembrar que, tanto a gasolina, sem falar no diesel, são muito menos poluentes do que os que utilizamos na terra do "petróleo é nosso" chamado Brasil. Este último (diesel), o é 30 vezes menos danoso do que o que é distribuído pela PETROBRÁS aí em Sampa, por exemplo. Resultado, os carros diminuiram bastante nos últimos anos e assim o trânsito tornou-se satisfatoriamente funcional, para o que a cidade e o ar que se respira agradecem. Em outras palavras, soluções para este problema exixtem e sao relativamente simples, bastando empenho político da população, a qual precisa, REALMENTE, cobrar tais soluções de nossos governantes. De minha parte, caminho 70 minutos diariamente, que é o tempo que levo para ir e voltar do trabalho, passeando. Abçs, Rodrigo
caro escriba:
concordo em parte com o que dizes. Que vai ter fim, sem dúvida. O cao também pe culpa de um planejamento urbano de me..a que históricamente temos aqui. Político nenhum quer fazer obra que dure mais que seu mandato. tivéssemos nós um sistema de transporte do nível europeu, nossas cidades não seriam esse escândalo. Os metros de Paris e Londres tem mais de 100 anos. O culpado é esta droga de maquina governamental que suga 40% da riqueza do país.Isso não não é capitalismo, é um comunismo brabo.
hahahahahaha. abçs
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