sábado, 11 de abril de 2009

OS ANTIGOS ESCRIBAS

om tempo se passou desde que os escribas com seu ofício representaram o mais alto grau do saber humano, sua perpetuação e difusão. Imaginemos um sujeito deste copiando minuciosamente uma obra extensa como uma bíblia por exemplo. Trabalho hercúleo e nobre. Estes homens incansáveis, com suas penas em punho, imortalizaram pensamentos, ideias, conceitos, dogmas, tradições e culturas inteiras em seu labor detalhista e edificante, levando à posteridade suas tradições através de registros históricos. Um nobre, quando queria uma cópia de alguma obra escrita específica, recorria infalivelmente a esta casta de seres dedicados à escrita. Trabalho árduo. Escrevia-se em papiros, em pedra, em couro, sempre no intuito de levar adiante as coisas mais notáveis e célebres do gênero humano.
escriba ou escrivão era a pessoa na Antiguidade que dominava a escrita e a usava, quase sempre, a mando do regente para redigir as normas do povo de uma determinada região ou religião, além de tomar notas de tudo que fosse importante e precisasse ser guardado enquanto dado e informação. Função de alta especificidade e grande dedicação, o trabalho de escriba era importantíssimo para estas organizações de cultura e poder, onde acabavam por trabalhar próximos aos homens e mulheres influentes da história através dos tempos, interagindo diretamente com leis, mandamentos morais e espirituais, tratados de guerra e paz, missivas, clemências, condolências, inventários, partilhas, juramentos, doações, contendas, rezas, matrimônios, acontecimentos célebres, enfim, tudo que requeresse alguma mensagem escrita documental. Os escribas também podiam exercer as funções de contadores, secretários, copistas, arquivistas e até mesmo escritores.
maginemos ter que ficar horas e horas, dias, meses e até anos, redigindo escritos, copiando textos, preparando documentos históricos ou sagrados, iluminados, quem sabe, pelas parcas lamparinas na aurora do saber humano era, sem sombra de dúvida, algo assim, no mínimo fabuloso. Ainda mais se considerarmos a era digital em que vivemos hoje com a velocidade e a volatilidade da informação enquanto impulso eletrônico, viajando pelo Planeta a altíssima velocidade, nas bandas largas da vida contemporânea. Como o tempo passou, e como os nossos hábitos mudaram! Vivemos hoje numa teia eletrônica que interconecta tudo e todos, ou quase isso, onde infelizmente a grande quantidade de informação disponível não quer dizer necessariamente qualidade.

laro! Tratava-se de um novo tempo para a humanidade. Uma época dourada de evolução e mudança drástica de tradições importantíssimas. Eram as primeiras fagulhas, os primeiros clarões repentinos de conhecimento e luzes, que surgiam e se insinuavam. Os primeiros raios, com certeza, do que viria a ser a tradição escrita, e as infinitas e luminosas possibilidades deste meio de comunicação admirável e encantador, como condensador e difusor de ciência e saber através do tempo. Algo singular e épico, notável e interessante, e que se arrasta até hoje, em nossos dias atuais, onde tribos amazônicas mantêm intactos seus sistemas de transmissão do saber, com suas vivas culturas orais. Algo delicado, belo e frágil. E pior, preocupante extremamente corruptível , especialmente, do ponto de vista do capitalismo, por exemplo. Interessantíssimo, é notarmos como foram importantes para nós estes escribas, nós, que estamos em plena migração de plataformas midiáticas, onde as letras, aparentemente sucumbem, diante da velocidade da era digital. E a carruagem da vida segue seu curso.


uando os escribas surgiram, e os homens, os primeiros mais iluminados num mundo com certeza bárbaro, rude e abrutalhado, puderam de uma maneira fabulosa inauguradora, reunir e conservar e, mais do que isso, organizar e transmitir estes primeiros lampejos civilização humana de forma escrita, descrita, imortalizada em documentos reproduzíveis, o que possibilitava uma utilização deste 'saber', deste 'conhecimento' de forma mais ampla, ainda assim, com alguma fidedignidade, ao poder sintetizar as informações necessárias num objeto simples que podia ser transportado, por exemplo, através do tempo e espaço e lido num outro ponto continente, contendo e condensando os interesses de quem o emitiu, informando textualmente a quem o recebe e lê. Uma evolução tremenda. Primeiro e, inequivocamente, a prática e estabelecimento de um código comum numa determinada cultura; e em segundo, a capacidade fantástica desta civilização transferir para a escrita, tal coleção de ideias e intenções, na enorme constelação de símbolos e signos que criamos e sustentamos como ferramentas auxiliares na compressão do Mundo que nos cerca.

Nenhum comentário: